Há pouco mais de três meses, Luís Ferreira de Sousa Filho assumiu a Secretaria de Saúde de João Pessoa com a missão de guiar a pasta mais cobrada durante a pandemia da Covid-19. Além dos desafios impostos pelo coronavírus, o médico encontrou vários déficits na área, agravados ao longo dos anos pela falta de zelo das gestões passadas. Um dos pontos mais problemáticos da Saúde era o Complexo Hospitalar Governador Tarcísio Burity – Ortotrauma, mais conhecido pelos pessoenses como Trauminha.

Durante entrevista concedida nesta terça-feira (21) ao programa 360 Graus, o secretário lembrou que encontrou a Saúde municipal em situação de abandono total, com prédios sucateados e profissionais desvalorizados pelo poder público, recebendo o menor salário em relação aos trabalhadores paraibanos.

“A rede municipal de Saúde vem, há 16 anos, num abandono total. Déficits salariais importantes, os nossos profissionais são os mais mal pagos da região, em relação ao Estado e as outras prefeituras. Os nossos prédios são sucateados, mais de 90 prédios que são ocupados por 203 equipes de saúde da família em situação lamentável, lastimável. Os nossos hospitais com muitas fragilidades estruturais e nós recebemos tudo isso no meio de uma pandemia”, elencou Ferreira.

Já entendendo melhor o funcionamento da secretaria, Luís Ferreira projeta, a longo prazo, a reestruturação da rede que há dois anos ficou dedicada, quase que de forma exclusiva aos cuidados aos pacientes com Covid-19. Ele, inclusive, já está pondo em prática mudanças essenciais em pontos que são alvos de constantes reclamações da população, como por exemplo no Trauminha de Mangabeira.

O secretário trabalha para tirar a imagem negativa do hospital nos veículos de imprensa locais. Ele revela que há dois dias a equipe do Trauminha trabalhou por nove horas em cirurgia para reimplantar o dedo amputado de uma criança e reclamou que o procedimento, feito de forma inédita na Paraíba, não foi noticiado pela imprensa. Para o médico, os veículos de comunicação só estão interessados em noticiar o caos e dão pouca importância para os avanços da gestão municipal.

“Nós tivemos no Ortotrauma, conhecido por Trauminha, aquele hospital que foi tão criticado durante muitos anos, nós tivemos há dois dias uma cirurgia inédita aqui no Estado, inclusive na rede privada, que foi o reimplante do dedo polegar de uma criança. Depois de nove horas de cirurgia, esse dedo foi reimplantado na rede municipal de Saúde, no hospital mais criticado da cidade. Então, são coisas como essa que aparecem pouco, porque não dá manchete”, apontou o secretário de João Pessoa.

Assista à entrevista completa abaixo:

Fonte: Blog do Dércio